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segunda-feira, 16 de março de 2009

Creio que a cegonha errou meu endereço...



Após uma semana bem difícil, já respiro melhor. Ah são tantas coisas na cabeça que as vezes fica complicado... mas quem não tem muitas coisas na cabeça hoje em dia, não é mesmo? Estava lendo um artigo alarmante sobre crianças com idade inferior a 7 anos já sofrem de depressão por pressão dos pais; atualmente nem a infância tem escapado das pressões.
Voltei de Porto Alegre já faz 19 dias, completamente contra minha vontade. Acho que a cegonha errou meu destino porque me sinto tão bem no RS, e tão deslocada aqui =/... parece que pra mim aqui tudo está errado e fora do lugar, não me dou tão bem com as pessoas, e nunca me adapto... lá, desde a primeira vez que fui é como se eu pertencesse aquele lugar, lá meu coração canta, minha pele fica mais bonita, meu cabelo mais brilhoso, e tudo parece fazer sentido! Até minha alergia na orelha acaba por lá...
Lá é encantador! Me sinto bem vinda, acolhida...
Óbvio que nenhum lugar do mundo é perfeito, todo lugar há problemas e pessoas não tão educadas... mas há lugares em que você se sente melhor! Eu não sei explicar por que, mas meu coração sempre se "bandeou" para os lados do Sul! Sempre fui encantada com tudo por lá... exceto o churrasco que não como carne, e também não me adaptei muito ao chimarrão...
Mas saudades de lá... muitas mesmo. Vontade de ter ido e não ter voltado...
Quero ir pra lá de novo o mais breve possível.
Esse lugar me sufoca.




METADE


Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante
Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso, a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

(Oswaldo Montenegro)